O ressurgimento dos Guató foi um tema que se impôs a Joel Pizzini, levando-o a dirigir seu primeiro longa-metragem, qualificado como um documentário poético.
500 almas (2007, 1h45min) apresenta alguns dos últimos falantes da língua guató. Josefina e Negrinha, irmãs que moravam em Corumbá e viveram em guató em sua infância. Júlia, José, Veridiano e Vicente, a última família a usar a língua cotidianamente e que aparecem no final do filme, num dos últimos diálogos entoados em guató; por último, uma trabalhadora da fazenda Acuri, dona Maria, levada para conhecer Vicente, com quem troca algumas palavras.
O documentário apresenta a trajetória do reagrupamento destes índios, desaterrados e expropriados. Relata a morte de Celso, a liderança que iniciou a luta pela terra. Captura os suspiros finais da última língua nativa das terras baixas do Pantanal, cercadas por fazendas. Retrata cenas e entrevistas com os moradores da Ilha Ínsua, na cidade de Corumbá, com os dois guató do vale do Caracará e os que estavam no Perigara, no alto rio São Lourenço.
Além dos Guató, uma personagem importante é Adair Palácio, linguista que se dedicou ao estudo do guató entre 1977 e 1984, em cenas memoráveis de elicitação de palavras e frases ou registrando um canto, cuja sonoridade se entrelaça com conversas, criando belas imagens acústicas para as cenas aquáticas. O arqueólogo Jorge Eremites de Oliveira fala de território, terras e subsistência.
O poeta Manoel de Barros, que jogara bola com meninos guatós em sua infância na ladeira Dona Emília (em Corumbá), conta que se encantou com o toar do guató, “uma palavra linda”, nome da “língua múrmura”.
A ausência da língua está presente no filme. Algumas pessoas não aprenderam, pois muito cedo estavam em casas de patrões que davam ordens em português e não admitiam respostas em guató. Outras a esqueceram, sem ter com quem conversar.
Além dos Guató, uma personagem importante é Adair Palácio, linguista que se dedicou ao estudo do guató entre 1977 e 1984, em cenas memoráveis de elicitação de palavras e frases ou registrando um canto, cuja sonoridade se entrelaça com conversas, criando belas imagens acústicas para as cenas aquáticas. O arqueólogo Jorge Eremites de Oliveira fala de território, terras e subsistência.
O poeta Manoel de Barros, que jogara bola com meninos guatós em sua infância na ladeira Dona Emília (em Corumbá), conta que se encantou com o toar do guató, “uma palavra linda”, nome da “língua múrmura”.
A ausência da língua está presente no filme. Algumas pessoas não aprenderam, pois muito cedo estavam em casas de patrões que davam ordens em português e não admitiam respostas em guató. Outras a esqueceram, sem ter com quem conversar.